Sílvia Lutucuta fez estas declarações à imprensa, no final do encontro entre membros da Comissão Interministerial de Prevenção e Combate à Covid-19 e deputados da Assembleia Nacional.
“Neste momento não temos, ainda, necessidade de suspender a vacinação, mas continuamos vigilantes. Todos os países que suspenderam as campanhas foi por precaução.
Em Angola estamos atentos e constituímos uma comissão que vigia os efeitos adversos da vacina”, afirmou Sílvia Lutucuta, acrescentando que ” apenas vamos usar vacinas seguras e certificadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras entidades responsáveis a nível internacional”.
Sílvia Lutucuta considerou “normais” os efeitos adversos da vacina da AstraZeneca observados desde o início da campanha de vacinação no país (febrícolas, cansaço, dores nas articulações e sensação do braço preso). Informou que tais manifestações desaparecem em pouco tempo, “mas podem reaparecer a qualquer momento, num período de 10 a 15 dias”.
Ainda sobre a segurança da vacina que está a ser administrada no país, Sílvia Lutucuta disse que “dos contactos permanentes que têm sido feitos com a OMS e olhando para o número de países que continuam a administrar a vacina temos garantias de que o produto é seguro”.
Para a ministra da Saúde, “não há vacina inócua”, salientando que tudo depende da resposta de cada organismo. Informou que os cidadãos luandenses continuam a afluir aos centros de vacinação e continua a ser passada a mensagem sobre os “enormes” benefícios da vacina da AstraZeneca.
Referiu que outras vacinas muito bem cotadas no mercado, como da Pfizer, Moderna e outras também já tiveram efeitos adversos.
De acordo com a ministra, Angola mantém contactos bilaterais com os Governos da Índia, Inglaterra e Rússia para adquirir outro tipo de vacinas certificadas e pré-qualificadas.
Para a aquisição de novas vacinas, referiu, Angola está a trabalhar com o mecanismo COVAX e a mobilizar recursos. “A ideia é cobrir 53 por cento da população, mas tudo por etapas”.
Campanha regista grande adesão
A ministra da Saúde garantiu que a adesão à vacinação na capital do país decorre acima da média, sublinhando que até agora foram imunizadas mais de 44 mil cidadãos. Acrescentou que a Comissão Interministerial prepara as condições para iniciar, na próxima semana, a vacinação em duas das quatro províncias seleccionadas (Benguela, Huambo, Huíla e Cabinda).
Justificou a escolha das referidas províncias com o número considerável de casos activos.
Explicou que o plano de vacinação em curso tem duas etapas. Na primeira, pretende-se vacinar 20 por cento da população, o que perfaz 6.4 milhões de habitantes e na segunda prevê-se cobrir 33 por cento do total da população. Salientou que até ao momento não existem estudos que garantam a eficácia da vacinação em menores de idade.
A ministra esclareceu que na primeira etapa estão a ser vacinadas pessoas afectas à profissões com grande exposição, como profissionais da Saúde, professores do ensino pré-escolar e respectivos funcionários, maiores de 65 anos com várias comorbilidades, membros das Forças de Defesa e Segurança, assistentes de bordo e tripulantes. Estes últimos começaram a ser vacinados ontem.
“O nosso plano é flexível e as prioridades são colocadas de acordo com as quantidades de vacinas existentes”, disse a ministra, lembrando que o país recebeu no total um lote de 624 mil doses de vacinas.
De acordo com a ministra, uma das principais dificuldades no trabalho da Comissão Interministerial é fazer com que os cidadãos cumpram as medidas de protecção individual e colectiva contra a pandemia. Por esta razão, pediu aos jornalistas para continuarem a passar informações às comunidades sobre a necessidade do cumprimento das medidas de prevenção, como forma de cortar a cadeia de transmissão da doença.
A Comissão Interministerial e os deputados avaliaram as medidas para o controlo da pandemia no país desde que foi decretado, em Março do ano passado, o primeiro Estado de Emergência. “Houve uma boa interacção com os deputados”, afirmou a ministra, lembrando que a 5 de Março deste ano surgiram 17 novas estirpes da Covid-19 no país, concretamente a sul-africana, inglesa e nigeriana.
A ministra reiterou a contínua vigilância epidemiológica e o controlo dos surtos, face às chuvas que se abatem sobre o país. “O aparecimento das chuvas cria condições para o surgimento de novas doenças”, alertou a titular da Saúde.